por Giselle Simão (Fonoaudióloga)
A longevidade é um dos maiores ganhos que tivemos nas últimas décadas, porém não basta simplesmente viver mais, é essencial que os anos adicionais sejam desfrutados com qualidade. Para um envelhecimento bem sucedido, o setor saúde deve estar preparado não só para prover ações que assegurem o cuidado às doenças crônicas e degenerativas, que aumentam à medida que se aumenta a expectativa de vida, mas para fortalecer a promoção do envelhecimento saudável permitindo que o idoso usufrua integralmente os anos proporcionados pelo avanço do tempo.
O conhecimento científico já identificou os fatores de risco para essa população, mas isso não é o suficiente. É preciso utilizar esse conhecimento para efetuar a necessária transição do modelo assistencial clínico com foco no tratamento das doenças que geram incapacidade funcional para o modelo com ênfase na prevenção, visando a manutenção da capacidade funcional.A incapacidade funcional diz respeito à dificuldade ou necessidade de ajuda para o indivíduo executar tarefas no seu dia-a-dia. Relaciona-se com o conceito de envelhecimento com fragilidade, que se caracteriza pela vulnerabilidade e pela baixa capacidade de suportar fatores de estresse. O resultado é uma maior suscetibilidade à doença e à instalação de síndromes geradoras de dependência.
O impacto do envelhecimento pode provocar vários distúrbios limitantes na comunicação e nos processos de alimentação/deglutição, associados ou não às doenças que acometem essa população.
Alterações na competência comunicativa podem interferir significativamente na qualidade de vida do idoso, causando restrição nas atividades rotineiras e redução da funcionalidade e da independência, impactando nos relacionamentos social, familiar e mesmo profissional. Alterações na deglutição podem trazer prejuízos nutricionais e pulmonares, acarretar declínio no prazer ao se alimentar, com maior risco potencial de desnutrição e desidratação.
A Fonoaudiologia aplica técnicas, com exercícios que incentivam movimentos (face e garganta) e sons, que visam a manutenção ou a recuperação física do idoso. Tais técnicas restabelecem a capacidade de deglutição e comunicação, impondo novamente ritmo a vida cotidiana como o prazer de uma boa alimentação ou uma boa conversa.
Tais necessidades básicas evidenciam a necessidade da presença do fonoaudiólogo entre os profissionais que fazem parte da equipe multiprofissional que atua junto à população idosa.